29 de Agosto: O dia da visibilidade lésbica

visibilidade lesbica

Há mais de 14 anos, era instituído pelo segmento de lésbicas (SENALE), no Rio de Janeiro, do movimento LGBT toda uma articulação que definiria o dia de hoje, 29 de Agosto, o dia da visibilidade lésbica. A partir de então, em uma das suas medidas mais imediatas na busca pela visibilidade dentro da própria militância permeada pelo machismo, a letra “L” deu uma guinada a frente das demais letras da sigla LGBT objetivando a conscientização da necessidade sua visibilidade.

Dito isto, tentaremos tratar aqui o que acreditamos ser fundamental acerca desta problemática que se faz por reflexo de vários pilares sustentadores de nossa opressão quotidiana.

Somos mulheres, cis e trans*, de todas as etnias, lésbicas e bis, porém o mais importante, somos mulheres trabalhadoras! É importante sim, companheirxs, fazermos este recorte de classe! É importante pois sabemos que a invisibilidade da nossa orientação tem sua expressão mais violenta quando se assenta sobre as costas de quem trabalha, e se abranda nos chicotes de quem nos explora. Temos a plena consciência de que o capitalismo não criou nem a opressão machista nem a opressão homofóbica, mas é, aqui e sempre, preciso dar nomes aos cães para sabermos contra quem estamos lutando e a quem serve todo enxugamento do nosso direito de expressarmos livremente a nossa sexualidade. Se o machismo já cumpre, há milênios, o papel da nossa submissão sexual aos homens, a heteronormatividade, em conjunto com a expropriação da nossa sexualidade pela burguesia, cumpre o papel nefasto de nos apagar para silenciar nossas vozes e corpos que, unidos, se fazem barreiras a exploração capitalista.

Todos os dias, esta invisibilidade opera de modo silencioso. Nos retira o direito não somente de nos relacionarmos com quem desejamos, mas também de nos sentirmos pares DE nossos irmãos de classe.
Vivemos às sombras dos relacionamentos “naturais” em nossas escolas, colégios e universidades.
Somos linha de frente numa política de demissão em massa e também massa de manobra política dos setores que dizem nos representar em detrimento da governabilidade.
Somos empurradas para os currais LGBTs nos empregos mais precarizados e terceirizados que acometem de forma sistemática nossa saúde física e mental.
Temos nossas especificidades na área da saúde ignoradas, pois a medicina se ocupa apenas da realidade cis/heterossexual.
Somos também alvo do fundamentalismo religioso que nos condena através das nossas relações afetivas colocando toda uma sorte de misticismo abstrato que só alimenta absurdos como espancamentos domésticos e estupros corretivos. Esse deus não está do nosso lado.

É preciso, portanto, compreendermos a importância desta data não apenas como aspecto ideológico da nossa resistência, mas como ponto de partida para o avanço rumo a verdadeira emancipação das mulheres lésbicas e bissexuais. Sozinhas não faremos perceber que somos parte fundamental da realidade concreta desta sociedade que nos oprime, mas somente organizadas e em unidade com todxs xs trabalhadores é que avançaremos à centralidade precisa das nossas demandas a partir da luta de classes.

 

 

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